Conto - Inês
Era pura e imaculada. Dizia glória para tudo. E depois dizia amém. O Senhor era seu marido, meu Deus, como era boa essa relação. Não carecia de mais ninguém. Por vezes era tomada por uma inquietude violenta, mas logo clamava pelo Senhor e tudo ficava bem. Até que um dia, falando com Ele, não soube mais com quem estava falando. Se perguntou Quem é Este que tanto de mim sabe e de nada dEle sei? E desde então não entendeu mais nada e nada soube sobre sua fé. Sumira. Quem seria marido de Inês agora? A quem ela recorreria, com quem conversaria se não mais pode nem se confessar a um padre porque não contém a sustância de um Homem por trás?
Sumira da igreja e ninguém nunca mais a viu. Passou a trabalhar em um bar como garçonete e também aprendeu a fazer drinks. Um dia ficou bêbada e disse, céus, isso sim é Deus. Quase passou a acreditar nEle de novo. Mas acreditou foi no homem que estava com ela. Tão lindo e sujo que tocou nela e ela quase disse amém. Tocou por entre as pernas. E depois levou ela ao banheiro e colocou-se por entre suas pernas. E ela pensava, glória, glória. Estranhou que no dia seguinte não virou seu marido e mal deu um oi que ela considerasse caloroso. Estranhou muita coisa. O sangue que saíra de seu ventre ela não estranhou porque isso já sabia que acontecia. Mas a solidão foi tanta que teve saudade de Deus.
Rezara novamente para Ele depois de tempos. Queria saber se a perdoava, se seu sangue a deixara impura e imprópria para Ele. Ele pouco se importou. Ela voltou a ir à igreja e a se confessar com o padre. Contou do homem e do sangue e do bar e sobre beber. Ele mandou que ela rezasse dez ave-marias. Rezou vinte para garantir. No fundo não se arrependeu do homem e ainda crê que ele a levara de volta para Deus. Foi uma bênção. Deus tinha mais força agora do que nunca. Glória, glória. Aleluia.
No dia que Inês conhecer a catuaba o mundo pega fogo